"O café é tão grave, tão exclusivista, tão definitivo que não admite acompanhamento sólido. Mas eu o driblo, saboreando, junto com ele, o cheiro das torradas-na-manteiga que alguém pediu na mesa próxima".
Mario Quintana
A gente é do tipo que também gosta de driblar, e discorda do Quintana em um ponto: além do aroma, o café cai bem acompanhado de sabores também. Bolo de fubá, pão de queijo, pão com manteiga - há ainda quem goste de saboreá-lo com um bom financier ou um fragmento de chocolate bem amargo. Mas nós, por aqui, gostamos de vê-lo acompanhado de um bom queijo canastra, puro, na torrada ou no queijo quente.
Café tem cheiro de férias, de infância, de encontro com amigos, de flerte inteligente. Tem gosto do despertar de cada manhã, de boa companhia em dia de chuva, de visita de domingo à casa da avó, de descanso na fazenda no fim de semana, de leitura prazerosa ao fim do dia. É bem recebido quando se aprochega nos dias de sol, puro, com leite aquecido ou vaporizado, à moda moccha, macchiato ou capuccino - sem esquecer, por favor, do famoso pingado, encontrado nos tradicionais botecos de qualquer cidade. O café também casa harmoniosamente com os dias de meia e cachecol, seja pelo tipo frapê, affogato - como pode ser ruim a mistura de café com sorvete? -, frappuccino, ou gelado, como no Japão.
Muita gente não sabe, mas os cafés produzidos na região da Serra da Canastra são alguns dos mais apreciados no mundo. Ocupando terras em divisa de territórios com o famoso Café do Cerrado, os grãos que são produzidos na região de Piumhi, São Roque de Minas, Delifnópolis, Bambuí entre outros municípios são exportados para países dos cinco continentes. Com o tempo o café e o queijo da canastra vêm se tornando símbolos da região e da gastronomia brasileira, adquirindo o status de iguarias produzidas por um clima e um solo únicos. Não à toa estes dois produtos vêm ganhando reconhecimento e consequente aumento de valor. Nos últimos anos o preço do queijo canastra assim como do café da região aumentou, permitindo uma remuneração mais justa aos pequenos produtores que antes vendiam sua produção por preços irrisórios devido à falta de legislação e conhecimento. Ainda assim, o brasileiro ainda é acostumado com os produtos industrializados e de menor qualidade oferecidos pelas grande marcas, mesmo que aos poucos ele venha conhecendo e apreciando as novas possibilidades.
Não por acaso, o café em pó tradicional - dividido em subtipos forte e extraforte - é o mais vendido nos supermercados brasileiros: uma pesquisa feita pela ABIC relevou que nós preferimos o café forte e coado no filtro de papel. O pó da bebida que compramos, normalmente, traz um blend - ou mistura - de duas espécies: a arábica - café mais fino, mais aromático e saboroso - e a robusta ou conilon - mais amarga e com menor custo - , resultado de um café razoável e de um preço mais acessível para o mercado nacional. O tipo totalmente arábico, que representa cerca de 70% da produção mundial, é vendido como um café especial, também chamado de gourmet, sendo muito apreciado apesar do preço mais elevado.
Dá pra imaginar que a quantidade estimada do café que é consumido todos os dias gira em torno de 1,400 bilhões de litros? Até dá pra entender porque ele é a segunda bebida mais popular no mundo - só perde para a água. Dê o play e confira 10 coisas que você precisa saber:
E SE FOSSE PROIBIDO?
Itália - mal havia chegado às terras italianas e o café foi proibido pelo clérigo católico por “não ser um bebida de quem acreditava em Deus”. Não durou muito: ao experimentar uma xícara, o Papa Clemente VIII se apaixonou pelo sabor e batizou os grãos, transformando o café em uma bebida verdadeiramente cristã.
Suécia - era no de 1746 quando a proibição do café vigorava. Gustavo III, rei e responsável pelo veto, obrigava assassinos a beberem café até a morte, mas o método de execução nunca deu muito certo.
Prússia - aqui a culpada pela proibição foi a cerveja. Em 1977 o rei Frederico, o Grande, não queria concorrência no mercado da bebida alcóolica e criou um manifesto onde o líquido a ser bebido pela população deveria ser amarelo e não negro.